sexta-feira, 9 de julho de 2010

A mentira é uma verdade bem contada


Sempre gostei da idéia de carros elétricos, principalmente porque quando confrontamos a mecânica com a eletricidade, a eletricidade tem um fator de flexibilidade que a mecânica não atinge. O que quero dizer é que um motor elétrico é mais leve, compacto e apresenta maior rendimento.

Se terminasse meus elogios aos carros elétricos por aqui provavelmente seria assolado por uma multidão de ativistas de primeira viagem (pessoas que comem no McDonald`s antes da passeata contra o capitalismo).
Afinal de contas, cadê a sustentabilidade?! E no meio de vaias desta multidão de anarquistas, não me surpreenderia com a seguinte frase:
- O Carro elétrico tem emissão zero de carbono. (afinal, isso tá na moda)

Concordo 100% com isso. Concordo tanto, que gostaria de demonstrar porque o carro elétrico é a solução para a emissão de CO2 no mundo. Para isso, vamos seguir o raciocínio geral sobre o carro elétrico:
(1) Ele não polui porque utiliza energia elétrica para se mover. Enquanto os outros meios de transporte se movem atravéz de queima de combustíveis, que gera como resultado emissão de CO2, CO e outros gases;
(2) A energia elétrica vem da tomada. Os combustíveis tem um processo de refinamento que também gera emissão de Carbono na atmosfera.
Este comparativo é a prova final da superioridade dos carros elétricos, provavelmente vou ser contratado para ser vendedor de carro elétrico ou marketeiro.

Só faltou um ponto, um detalhe bobo... Se o carro elétrico se "abastece" em uma tomada, de onde vem essa energia? é claro que vem das hidrelétricas, das termoelétricas, de Angra, etc.
E se a frota brasileira já estivesse rodando com eletricidade?
Vamos fazer as contas:
- Temos uma frota atual de 27.8 milhões de carros em circulação;
- Em média estes carros ficam ligados 1 hora por dia;
- A média da potência é cerca de 100HPs (Cada HP equivale a 745W). O rendimento médio dos motores elétricos seria de 90%;
Com isso, os carros elétricos consumiriam cerca de 96GWh do sistema de geração de energia do Brasil por dia. As baterias demoram pra carregar, vamos dizer que preciso deixar na tomada 3 horas por dia. Com isso, teríamos um pico de consumo de energia elétrica no Brasil de 31 GW (só para abastecer os carros).
Isso não é problema, afinal temos Itaipu, a nossa gigantesca hidrelétrica que é responsável por 20% da geração de energia elétrica brasileira. E qual é a potência de Itaipu? 14GW...

Calma aí... Uma bateria pode se recarregar mais rapidamente, é só uma questão de investimentos. Com a bateria se carregando em 1 hora, teríamos um pico de consumo perto de 96GW no sistema elétrico brasiliero. O total de capacidade do sistema hoje é 70GWh.

Ou seja, teríamos que construir umas 7 Itaipus... Muito caro, então que tal utilizar uma forma barata de geração de energia e que pode ser ligada somente nos momentos de pico de utilização do sistema?
Isso existe, se chama termoelétrica!
Resolvido, se a frota brasileira passar para carros elétricos, construímos termoelétricas e geramos energia suficiente no horário de pico de consumo e não poluímos mais através dos escapamentos dos carros.
E como eu faço para uma termoelétrica funcionar? A termoelétrica consome combustíveis fósseis e gera CO, CO2...

Pra quem não entendeu. O carro elétrico não polui menos ele só passa a responsabilidade da poluição pra as geradoras de eletricidade, ele não resolve o problema, só empurra pra outros.

Então chega dessa mentira bem contada. Se você quer poluir menos a terra, seja vegetariano e deixe o "ronronar" do motor ferrari em paz:

quarta-feira, 16 de junho de 2010

POST #1



Olá senhoras e senhores. Passei aqui para deixar meu primeiro post no blog. Durante minha formação tive contato com projetos universitários de carros de competição, com os quais conquistei boa informação técnica que pretendo transmitir em parte aqui durante a análise de veículos. Ou seja, tenho o objetivo de fazer uma avaliação tecnicamente crítica como sugere o perfil do blog. Contudo vou me restringir às partes mecânicas, deixando itens como conforto e opcionais “afrescurados” para outros sites mais específicos! Não vou prometer grande fluxo de posts, uma vez que pretendo escrever análises que demandam o levantamento de muitas informações numéricas que tomam grande tempo de pesquisa. Então vamos ao que interessa.

Velocidade média de pistão (VMP) é uma das palavras-chave quando se fala de preparação e projeto de motores. Considerando que todos conhecem a disposição básica de um motor de combustão interna - para quem não conhecer fico devendo um post explicando isso – imaginem um pistão. Quando ele está subindo e alcança o ponto mais alto (chamado Ponto Morto Superior PMS) sua velocidade é nula nesse instante, conforme ele começa a descer sua velocidade vai aumentando até atingir o valor máximo (geralmente no meio do curso do pistão) e continua até chegar ao ponto mais baixo (Ponto Morto Inferior PMI) quando zera novamente. Dessa variação de velocidade pode-se calcular uma média conhecida como Velocidade Média do Pistão. O interessante é que ela é um parâmetro sobre a resistência mecânica das peças, principalmente das bielas.

Para exemplificar usarei dois motores. O Fire 1.0 2009 (do Palio) que possui curso de 64.9 mm, diâmetro de 70 mm (ainda postarei sobre a relação diâmetro/curso em breve) e potência de 73 HP @ 6250 RPM – para essa rotação a VMP é 13,52 m/s. O da Volks 1.0 2009 (do Gol) com curso de 70.6 mm, diâmetro de 67.1 mm e potência de 72 HP @ 5250 RPM – VMP 12,36 m/s. Percebam a diferença, dois motores de fabricantes diferentes, de mesma cilindridada e potência possuem VMPs diferentes - 10% a mais no motor da FIAT. Apenas por esse parâmetro poderia se dizer que o motor da VOLKS permitiria melhor preparação por estar mais distante das VMPs limites, de modo que ao levá-lo a VMPs maiores se ganharia mais potência do que o outro motor que não poderá ter a mesma alteração por já estar em situação mais severa na condição que sai da fábrica. Claro que não é só essa característica que conta na hora de diferenciar motores para preparação. Mas, como já foi dito, a VMP é um índice para o limite de resistência de motores, e quanto mais for possível aumentá-la maior será a potência extraída. Um motor que de fábrica já sai com VMP de 15 m/s não poderá conquistar muito mais potência elevando-se ela, já que está muito mais próximo dos limites mecânicos do motor. E infringir esse limite significa literalmente a explosão do motor, com cenas em que o pistão atravessa o capô.

http://www.youtube.com/watch?v=AQfmJvpJE40 (exagerando)

domingo, 14 de março de 2010

Indy 300 - Eu fui

Confesso que este post é muito mais pra sacanear quem não está no Brasil do que para fazer qualquer tipo de comentário. Porque eu fui na Indy e foi muito bom. Os principais comentários são:
- É a primeira vez que vejo um circuito de rua no Brasil. Não existem curvas no circuito de rua, existem esquinas, assim, sem as famosas "curvas de alta" os carros estão grudados o tempo todo e o piloto precisa de habilidade. Vou aproveitar e deixar a crítica pra stock car "Porque fazer uma temporada correndo 3 vezes no mesmo lugar?"
- Para quem nunca foi no autódromo assistir uma competição, uma coisa é marcante "O Barulho". Isso é fantástico, lembro que no sábado ouvia o barulho dos carros muito antes de chegar no autódromo, e no domingo, o barulho do pelotão da frente era ensurdecedor.
- A torcida é legal, é muito mais divertido estar na galera torcendo pela mesma coisa (que um brasileiro ganhe). E foi engraçado ver a confusão sobre o número do carro do Kanaan, já que por ser patrocinado pela 7-eleven tem um 7 gigantesco na frente do carro, mas o número dele na verdade é 11.

E qual é a única crítica? Ondulação... Se havia problemas de ondulação em interlagos, imagine na pista local da marginal tietê... Teve piloto falando que tirava as 4 rodas do chão e que o pessoal do motocross adorou o circuito. Quem sabe no próximo ano eles não refaçam a via local, porque a maior reta da fórmula indy merece um pouco mais de cuidado.

Abaixo uma foto que tirei do carro 3 da Penske (Hélio Castro Neves):








Se um dia tiver com paciência edito e deixo uma melhor.

P.S.: Tio Chico, se for também pra F1 me avise.